Amargo, o que um dia foi doce.

(Leia pausadamente... Porque escrevo-te sentimentos difíceis.)

Eu sempre lembro desses versos, quando me lembro de você:

( esses são versos que sempre repito, desde o dia que eu me apaixonei: )

Eu peço perdão por te amar tão de repente

Embora o meu amor, 

seja uma velha canção em seus ouvidos...

Das horas que passei à sombra dos teus gestos

Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos...

Das noites que vivi acalentada

Pela graça indizível...

...dos teus passos eternos.

Porém, hoje, trago a doçura

dos que aceitam melancolicamente. ( E com soluços rápidos, eu digo:)

“ Eu posso te dizer

que o grande afeto que te deixo

Não traz o exaspero das lágrimas

nem a fascinação das promessas

Nem as misteriosas palavras

dos véus da alma...” 

É um sossego ( que nunca foi...) , uma unção ( sempre longe ),

um transbordamento de carícias ( sempre aqui, dentro de mim ). 

Me trazendo um sentimento de que nunca irei viver o que já vivi. E por mais que eu tente ( e como tenho tentado ), é um nirvana que nunca vou atingir.

Ainda é domingo. Quero a madrugada, mas não quero a segunda-feira. Não quero que a semana passe, não quero que nada passe, só quero viver assim. Presa, eternamente presa, aos momentos que sei que foram os mais verdadeiros que eu já tive. E eu coloquei as nossas canções...

E me dói na alma essa saudade louca, de alguém que já provou o doce amor.

E dizem que só se prova uma vez... uma vez. Penso-me se é verdade mesmo.

Eu sou tão jovem ainda.... Para carregar comigo essas lembranças de uma vida que não volta mais. Como é pesado o fardo de ter-te eternamente, longe...

Como é pesado... Hoje parece-me que não irei ter forças para levantar. 

Eu não te peço mais para que voltes. Não irei pedir mais. Eu já pedi tanto, sempre sem forças, para dizer em voz alta... Sempre me escondendo em uma dúzia de palavras

Seria uma insanidade. Pedir. Não o farei.

Hoje a saudade bateu como sempre bate, mas de um jeito mais forte ( sempre quando bate, bate mais forte..).

De um jeito que eu tenho ódio até, quando acontece... que vem de repente, e não há forma nenhuma de fugir.

Eu sei que você sabe como é. Porque você já conversou comigo na madrugada... Você já acordou de um sonho, já sentiu a mesma falta de ar que eu sinto agora e já pôde sentir o tempo parar. Porque ele para, sem forças para continuar.

Eu sempre tento entender e não consigo. Não há forma de entender.

E você sabe, sempre passa, mas, sempre volta, amargo, o que um dia foi doce.