Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
'Tá tudo assim, tão diferente
Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber que o pra sempre sempre acaba
Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém só penso em você
E aí, então, estamos bem
Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem desistir nem tentar, agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa "
( Cassia Eller - Por enquanto )
Velhinho.. quem disse que seria fácil?
Essa musica me transportou pro Harley
Um barzinho que tinha lá no Estação Plaza Show
O nome é importante, pq remete a um lugar, um estado e um tempo, totalmente diferente
Pra mim, e pro lugar, simultaneamente.
O teor alcoolico daquela época era medido por caipirinhas de vinho:
- 1/3 de açúcar, 1/3 de vinho tinto, 1/3 de gelo, um chorinho de limão.
Meu eu de hoje, grita.
Na ida, o transporte era o buzão
Na volta, era o Madruguera
Na ida, a calça jeans era preta
Na volta, era azul marinho.
Não, "pera..." rs
Eu fui pra lá hoje, pq queria me lembrar o que eu fazia, para manter a sanidade...
Meus problemas eram muito mais complexos
As minhas dores, infinitas... O que mudou?
É.. A idade emburrece. Até nisso.
De onde eu tirava as minhas forças?
Era por eu ser aquele bichinho estranho?
Pequenino no seu mundo?
Cabelo escondendo a cara?
Roupa larga ( geralmente preta )?
E-XA-TA-MEN-TE aquilo tudo que, na época, todos os olhares evitavam
Olhar ( recebido ), dava medo.
Esse era o meu primeiro segredo... Invisibilidade.
E ai, enquanto ninguém me via, eu podia observar a todos
Eu conseguia me esconder... eu amava me esconder, para pensar, observar,
Para processar.
Eu olhava nos olhos de quem não me via, atravessava seus corpos,
E encontrava a minha vida através daquela multidão
Olhava tudo de longe.
O teatro da minha vida passando por detrás daquela multidão passando na minha frente e que não conseguia me olhar nos olhos, por medo. ( rs )
Muito irônico e inteligente meu eu de apenas 16 anos, que já tinha perdido a vida tantas e tantas vezes
Mas que tinha encontrado um sentido ali, em todas aqueles desconhecidos que entravam e desembarcavam do buzão.
Sim, eu tinha meu jeito reservado de ser.
Meu jeito de carregar os meus problemas e os problemas dos outros tbm
Porque eu queria que tudo ficasse bem.
Meu eu de hoje, gostaria de poder entregar os problemas ao remetente...
Então meu segundo segredo era empatia.
Eu tinha tudo, todos os motivos e todas as oportunidades, para que minha estória tivesse um fim ali.
Eu continuava pelos outros, por saber que eu faria a diferença para todo o meu entorno.
Eu vou teimar tanto nessa tecla, porque é nela que eu encontro as forças.
Se tem algo que me move,
É saber que eu sou a peça que pode mover todo um tabuleiro de Xadrez.
E vai por mim... um peão pode sim, ganhar o jogo.
Ahhh, e aquela chuva que sempre caía,
Se misturando com o choro...
A diferença de ontem e de hoje é que eu parava pra processar e tinha coragem de ser quem era.
A invisibilidade e a chuva...
Hoje chove por aqui e ainda existem aqueles que tem medo de se molhar...
As pessoas vêem o choro como uma coisa ruim, uma coisa feia, uma fraqueza.
O choro já me salvou tantas vezes de fazer merda...
É o que estabiliza o eixo, coloca as coisas no lugar.
Enquanto choramos, pensamos e colocamos pra fora o que nos sufoca.
É um mecanismo do corpo, já nascemos com essa função gente, pq não usar?
Eu tenho buscado TANTO ser forte, só queria poder colocar pra fora tudo o que dói.
O choro não machuca, ele liberta... É aquele transbordo necessário, saudável
Por que choramos senão pra isso? Pra que serve o choro?
Transborda na alegria ou na tristeza,
Mas é a expressão PURA de algo que não cabe em nós...
Então, por que tanta vergonha?
Se é a nossa reação mais sincera e singela do corpo, já nascemos com esse poder.
Às pessoas que condenam o choro,
Eu pergunto:
Para que servem os teus dentes se você tem vergonha de mastigar?
Deixa cair, deixa cair...
Se você se prende em um ato tão simples,
Como você vai ter atitude de resolver os assuntos mais complexos?
Deixa vir... deixa cair... deixa sair.
Liberte-se.
Meu terceiro segredo, o choro.
Meu quarto segredo, ser senhor do meu tempo.
...Que dispensa comentários.
Meu eu de hoje sente vergonha do que faz com o tic e tac do relógio.
Essa é a maior agressão que eu poderia ter cometido.
Ter entregado meu tempo em outras mãos.
( Dra. Cris, me ajuda aqui!!! )
Meu quarto segredo, voltar pra casa.
Se você não tem um porto seguro, um lugar para voltar,
Não adianta ser invisível, ter empatia, saber chorar, ter tempo para saber quem você é, se você não tem para onde ir.
Hoje me perguntaram: " Por onde anda o sorriso daquela Mariana que eu conheci? "
Antes de perder meus sonhos, eu perdi meu porto seguro.
- Pequeninos olhos verdes, aonde é o teu lar?
Se nada mais der certo, para onde você quer voltar?
